segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eternidade

Não interessa o que aconteça, nunca vou te esquecer. Seremos uma só, para sempre. Prometo.
As palavras cheias de amor de Laura ainda ecoavam em sua cabeça. Até hoje, todos os dias eram assim. Deixou as salgadas lágrimas caírem de seus olhos. Um misto de tristeza e saudade a inundava, fazendo sua alma transbordar de dor. Era como se ela soubesse que algo iria lhe acontecer, pensou Alessandra. Um gume afiado, ainda inexistente, perpassou seu coração sofrido enquanto se lembrava dela.

Ficaram dois anos juntas. Teria sido mais, tinham a vida inteira pela frente. Mas aconteceu o acidente. Laura só estava no lugar errado na hora errada. Fora ao supermercado, queria fazer uma janta especial para elas. Um assalto no lugar. Resistência por parte de uma das caixas. Tiros. Uma bala perdida na cabeça de Laura. Morte cerebral. Fatal. O coração de Alessandra foi junto com a alma de Laura.
Durante a manhã daquele mesmo dia, abraçadas a cama, Alessandra pediu:
- Diz que me ama?
- Te amo.
- Pra sempre?
- Sim. Não interessa o que aconteça, nunca vou te esquecer. Seremos uma só, para sempre. Prometo.
Gordas lágrimas de felicidade rolaram pelas faces de Alessandra. Foi a vez de Laura pedir:
- Promete também?
- Seremos como uma só, para sempre. Aconteça o que acontecer, nunca vou deixar de amar você. Prometo.
Um sorriso encantador iluminou o rosto de Laura. Com um beijo, os lábios selaram o pacto feito por elas.
 
- Meu amor, eu sinto tanto a sua falta... – murmurava Alessandra em meio as lágrimas.
Foi então que decidiu. Precisava rever Laura, abraçá-la, beijá-la. E a faca estava ali, tão perto dela... Pegou-a. Dessa vez sentiu, de verdade. Realmente estava ali, o gume afiado lhe forçando a pele, rasgando-a por dentro. Doía, mas Alessandra sorriu: iria reencontrar sua Laura. Fechou os olhos e foi tranquila, sem gritos, com as lágrimas cessadas.
E foi na quietude da noite, onde apenas o vento murmurava, que duas almas eternas se reencontraram.